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O MENINO E O POMBO

>> quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Paulinho, como toda a criança de sete anos, não sabia (sequer queria) se proteger de doenças. Queria apenas brincar, ser feliz. Queria ser criança.
As férias escolares eram um período chato do ano. No prédio onde morava, nenhuma criança de sua idade. Mas divertia-se a tarde toda no playground.
Uma tarde, olhando pela janela, reparou nos pombos da praça. Teve a idéia: com alguns trocados da mesada que ganhava do pai, fora até uma venda e comprara quirera (milho moído). Foi até a praça e atirou-a aos pombos. Ficou maravilhado com aquela festa que as aves fizeram.
Na tarde seguinte, depois do almoço, pegou mais um punhado de quirera e jogou de novo aos pombos. E assim foi nos dias seguintes, até que os pombos passaram a não temê-lo mais. Pelo contrário, Paulinho percebia que os pombos o aguardavam às 2 horas de todas as tardes.

Um dos pombos, cinza, pareceu confiar em Paulinho. Era o que mais se aproximava e Paulinho e este passou a dar-lhe a quirera colocando-a em suas mãos. O pombo voava até ela para comer o alimento.
As aulas voltaram logo após o Carnaval. Antes de fazer os deveres, Paulinho passava meia hora na praça. E aquele pombo parecia o aguardar. Um dia, Paulinho estava na varanda quando o pombo pousou na grade.
Os pais de Paulinho fizeram um pombal na varanda. E algum tempo depois, outro pombo apareceu. Na verdade, uma fêmea. O pombo de estimação de Paulinho arrumara uma namorada. Dias depois, ovinhos. E mais um pouco, três outros pombinhos vieram ao mundo.
E assim foi nos anos seguintes. Ao todo, a família contabilizou 26 novos pombos que nasceram naquele pombal da varanda. O pombo era de fato o grande amigo de Paulinho. Às vezes, Paulinho notava um pombo o seguindo no caminho da escola. E, numa antena da casa do lado, chovia ou fazia sol, um pombo cinza ficava ali a manhã toda, enquanto durasse a aula.
Um dia, Paulinho não viu o pombo no pombal. Naquela tarde, a festa da quirera na praça foi sem o pombo cinza. E assim se repetiu. Paulinho ficou triste. Sua mãe, ao levá-lo à escola, pediu para ir à biblioteca fazer uma pesquisa sobre pombos, para entender o que aconteceu e ajudar o filho.
Hoje, Paulinho virou Doutor Paulo. Tem duas filhas adolescentes, uma mulher maravilhosa. Cria dois cachorros numa casa ampla na zona sul de São Paulo. E todos os dias, ao ver pombos nas ruas e praças, lembra os dez anos que viveu com aquele pombo cinza. Seu primeiro animal de estimação. Sua primeira conquista. Seu primeiro grande amigo.

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TAPAS NA CARA

>> domingo, 22 de abril de 2012

PORQUE A VIDA COBRA, MAIS CEDO OU MAIS TARDE, AS LIÇÕES QUE ENSINOU DESDE O DIA QUE VOCÊ NASCEU.

Como você se sente, pai, quando seu filho chega da escola dizendo que apanhou dos colegas, e você lembra que, quando tinha a idade dele, era você quem batia nos colegas, dilacerando o coração dos pais deles?

E você, mãe, que acabou de chegar da missa de sétimo dia da morte do seu filho? Lembra que no ano passado você quis porque quis cortar aquela árvore e não quis esperar três meses até que os passarinhos recém nascidos ganhassem asas e pudessem voar?

Executivo que perdeu o emprego porque a multinacional que trabalhava fundiu-se a outra empresa bem maior, lembra cinco anos atrás que você demitiu todos os funcionários daquela área que o senhor extinguiu, quando havia vagas para recolocá-los em outros setores, porque era mais fácil simplesmente mandá-los pra rua?

Ei, garota? Está desesperada porque seu cachorro foi agredido por alguém na rua? Como você acha que sentiu aquela criança que viu seu amigo peludo ser atropelado por seu carro, simplesmente porque estava muito acima do limite de velocidade?

Senhor motorista? Aquele ônibus não parou no ponto quando o senhor deu o sinal? Mas o senhor faz isso todos os dias, várias vezes ao dia, quando está ao volante, não é verdade?

Por que, agora que viu, por acaso, no celular do seu filho, um recado apaixonado deixado por “um tal de Victor”, foi lembrar aquele menino que precisou mudar de colégio, quarenta anos atrás, de tanto que o senhor e seus amigos o chamavam de “viado”?

Lembra que você não fez a inscrição para o vestibular porque perdeu a nota de 100 que estava no bolso?
Por que agora, que se tornou uma excelente caixa de banco, não chama aquela senhora idosa e com dificuldades de locomoção, que ao pagar a ela o salário mínimo, deixou de entregá-la uma nota de 50 reais – quase dez por cento de sua aposentadoria?

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