O MENINO E O POMBO

Paulinho, como toda a criança de sete anos, não sabia (sequer queria) se proteger de doenças. Queria apenas brincar, ser feliz. Queria ser criança.
As férias escolares eram um período chato do ano. No prédio onde morava, nenhuma criança de sua idade. Mas divertia-se a tarde toda no playground.
Uma tarde, olhando pela janela, reparou nos pombos da praça. Teve a idéia: com alguns trocados da mesada que ganhava do pai, fora até uma venda e comprara quirera (milho moído). Foi até a praça e atirou-a aos pombos. Ficou maravilhado com aquela festa que as aves fizeram.
Na tarde seguinte, depois do almoço, pegou mais um punhado de quirera e jogou de novo aos pombos. E assim foi nos dias seguintes, até que os pombos passaram a não temê-lo mais. Pelo contrário, Paulinho percebia que os pombos o aguardavam às 2 horas de todas as tardes.

Um dos pombos, cinza, pareceu confiar em Paulinho. Era o que mais se aproximava e Paulinho e este passou a dar-lhe a quirera colocando-a em suas mãos. O pombo voava até ela para comer o alimento.
As aulas voltaram logo após o Carnaval. Antes de fazer os deveres, Paulinho passava meia hora na praça. E aquele pombo parecia o aguardar. Um dia, Paulinho estava na varanda quando o pombo pousou na grade.
Os pais de Paulinho fizeram um pombal na varanda. E algum tempo depois, outro pombo apareceu. Na verdade, uma fêmea. O pombo de estimação de Paulinho arrumara uma namorada. Dias depois, ovinhos. E mais um pouco, três outros pombinhos vieram ao mundo.
E assim foi nos anos seguintes. Ao todo, a família contabilizou 26 novos pombos que nasceram naquele pombal da varanda. O pombo era de fato o grande amigo de Paulinho. Às vezes, Paulinho notava um pombo o seguindo no caminho da escola. E, numa antena da casa do lado, chovia ou fazia sol, um pombo cinza ficava ali a manhã toda, enquanto durasse a aula.
Um dia, Paulinho não viu o pombo no pombal. Naquela tarde, a festa da quirera na praça foi sem o pombo cinza. E assim se repetiu. Paulinho ficou triste. Sua mãe, ao levá-lo à escola, pediu para ir à biblioteca fazer uma pesquisa sobre pombos, para entender o que aconteceu e ajudar o filho.
Hoje, Paulinho virou Doutor Paulo. Tem duas filhas adolescentes, uma mulher maravilhosa. Cria dois cachorros numa casa ampla na zona sul de São Paulo. E todos os dias, ao ver pombos nas ruas e praças, lembra os dez anos que viveu com aquele pombo cinza. Seu primeiro animal de estimação. Sua primeira conquista. Seu primeiro grande amigo.

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TAPAS NA CARA

PORQUE A VIDA COBRA, MAIS CEDO OU MAIS TARDE, AS LIÇÕES QUE ENSINOU DESDE O DIA QUE VOCÊ NASCEU.

Como você se sente, pai, quando seu filho chega da escola dizendo que apanhou dos colegas, e você lembra que, quando tinha a idade dele, era você quem batia nos colegas, dilacerando o coração dos pais deles?

E você, mãe, que acabou de chegar da missa de sétimo dia da morte do seu filho? Lembra que no ano passado você quis porque quis cortar aquela árvore e não quis esperar três meses até que os passarinhos recém nascidos ganhassem asas e pudessem voar?

Executivo que perdeu o emprego porque a multinacional que trabalhava fundiu-se a outra empresa bem maior, lembra cinco anos atrás que você demitiu todos os funcionários daquela área que o senhor extinguiu, quando havia vagas para recolocá-los em outros setores, porque era mais fácil simplesmente mandá-los pra rua?

Ei, garota? Está desesperada porque seu cachorro foi agredido por alguém na rua? Como você acha que sentiu aquela criança que viu seu amigo peludo ser atropelado por seu carro, simplesmente porque estava muito acima do limite de velocidade?

Senhor motorista? Aquele ônibus não parou no ponto quando o senhor deu o sinal? Mas o senhor faz isso todos os dias, várias vezes ao dia, quando está ao volante, não é verdade?

Por que, agora que viu, por acaso, no celular do seu filho, um recado apaixonado deixado por “um tal de Victor”, foi lembrar aquele menino que precisou mudar de colégio, quarenta anos atrás, de tanto que o senhor e seus amigos o chamavam de “viado”?

Lembra que você não fez a inscrição para o vestibular porque perdeu a nota de 100 que estava no bolso?

Por que agora, que se tornou uma excelente caixa de banco, não chama aquela senhora idosa e com dificuldades de locomoção, que ao pagar a ela o salário mínimo, deixou de entregá-la uma nota de 50 reais – quase dez por cento de sua aposentadoria?

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MEUS "POR QUES?" COTIDIANOS

Por que nunca consigo esconder meus sentimentos da minha mãe?
Por que justo hoje que eu perdi a hora, o ônibus que sempre atrasa, passou no horário?
Por que, sempre que eu não levo blusa, faz frio?
Por que o trânsito sempre congestiona quando eu estou com pressa?
Por que chove quando eu resolvo ir para a praia?
E por que sempre chove quando não levo guarda chuva?
Por que meu coração sempre se apaixona pela pessoa errada?
E por que eu não consigo me apaixonar pela pessoa certa?
Por que o caixa eletrônico nunca tem dinheiro quando eu preciso sacar?
Por que o pneu do carro aparece furado sempre na madrugada?
Por que os filmes bons passam sempre que eu tenho algum programa fora de casa?
E por que quando eu fico em casa, só passam porcarias?
Por que o semáforo sempre fecha na hora que eu vou passar?
Por que os clientes sempre chegam ao mesmo tempo, faltando 15 minutos pra fechar?
Por que a fila do mercado, onde estou, é mais lenta que a do lado?
Por que cães abandonados me cortam o coração?
Por que a roupa mais bacana vai ter de todos os tamanhos, menos o meu?
Por que nada do que tem na geladeira é o que eu quero comer?
Por que o time que eu torço vai perder o jogo em que precisa ganhar?
Por que o filme que eu quero ver, já foi alugado na locadora?
Por que quando quero dormir até mais tarde, algo vai me fazer acordar mais cedo?
E por que quando quero dormir cedo, perco o sono?
Por que o vizinho de cima resolve fazer uma festa bem no meio da semana?
E por que a reforma no apartamento dele começa às 8 da manhã no sábado?
Por que a festa legal acontece dias antes de receber meu salário?
Por que todas as pessoas resolvem ir à mesma sessão do cinema?
Por que resfriados e gripes sempre nos atacam nos finais de semana?
Por que, em época de eleições, alguns não aceitam opiniões divergentes?
Por que quando faço a barba para uma festa, eu me corto?
Por que a gema do ovo sempre quebra quando vou frita-lo?
Por que a ligação ao call center sempre cai quando quero fazer uma reclamação?
Por que o telefone vai tocar bem na hora do último capítulo da novela?

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SÃO PAULO - CORES E NOMES - episódio 08

BIZARRICES E ABSURDOS DO TRÂNSITO [cada vez mais travado] DE SÃO PAULO


O trânsito de São Paulo, que já é um dos piores do mundo, fica ainda mais caótico quando entram em cena pessoas que fazem coisas como essas.


Avenida Nove de Julho, saída do Túnel Max Feffer: motoqueiro estica perna direita para atingir retrovisor de um carro que obstrui sua passagem entre as faixas de tráfego de automóveis.

Rua dos Ingleses, bairro da Bela Vista, terça feira, 9 da manhã. Um senhor de uns 50 anos e uns 120 quilos discute a plenos pulmões com um fiscal da Companhia de Engenharia de Tráfego que lhe aplica uma multa. O final da placa do carro do senhor era final 4, portanto, dia de seu rodízio.

Supermercado Wal Mart, bairro do Pacaembu. Uma jovem de uns 25 anos, junto com duas amigas da mesma idade, para seu carro no estacionamento. Numa das vagas destinadas a idosos.

Marginal do Tietê, sentido Rodovia Ayrton Senna. Por volta das seis da manhã, um caminhão com cargas, rumo a São José dos Campos, cuja altura total chega a 5 metros tenta passar no vão da ponte das Bandeiras, que tem apenas 4,80 metros.

Rua dos Pinheiros, sexta feira, meia noite. Um jovem encena “Priscilla, a rainha do deserto” ao sair pelo teto solar de um Fiat Stillo, para ver (e ser visto por) quem está fila da casa noturna GLS Bubu.

Homem na faixa de 40 anos é atropelado por um ônibus no meio de um quarteirão da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, a menos de 30 metros da faixa de pedestres mais próxima.

No estacionamento do Shopping Villa Lobos, um homem utiliza duas vagas para estacionar seu Fiesta.

Um apaixonado casal troca beijos calientes na esquina da Abílio Soares com Pedro Álvares Cabral, em frente ao parque do Ibirapuera e não percebe que o semáforo ficou verde para ele.

Na hora dos primeiros raios de sol do domingo, um carro não consegue transitar dentro da faixa na Avenida Pompéia. O motorista, que saíra de uma boate ali perto, volta pra casa, depois de beber todas e mais algumas.

Avenida Rubem Berta, sentido Congonhas. Um Siena, com 5 garotos entre 18 e 23 anos e um Peugeot 206 com três entre 21 e 24 anos disputam quem é o mais rápido. Um dos carros vai ficar num poste qualquer.

No velório municipal do Cemitério do Araçá, uma mulher de uns 30 anos chora ao lado de um caixão fechado. Dentro, seu marido, motoboy morto depois de uma manobra que não deu certo em frente a um ônibus, na Marquês de São Vicente.

No semáforo fechado da Honduras com Maestro Chiafarelli, no chiquérrimo bairro dos Jardins, um homem de 41 anos, num Cross Fox amarelo, observa uma família de ratos – mamãe rata e três gordinhos e rabudinhos ratinhos – atravessando apressadamente a rua na faixa de pedestres.

Agora convido você a comentar o que já presenciou de bizarro no trânsito de sua cidade.

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50 COISAS QUE VOCÊ FEZ [e muitas delas vai morrer jurando que NÃO fez]

01. Jogou sujeira na rua ou ponta de cigarro na rua.
02. Fez alguma maldade a algum animal.
03. Desejou que seu professor morresse um dia antes da prova.
04. Colou na prova.
05. Roubou chocolate de supermercado.
06. Sofreu por amor.
07. Fingiu orgasmo (para as mulheres).
08. Falhou (para os homens).
09. Contou uma mentira para se safar.
10. Fez sexo na internet.
11. Dirigiu bêbado.
12. Chifrou alguém.
13. Chorou no fim do filme Marley & Eu.
14. Chorou em qualquer outro filme ou novela.
15. Desejou que o avião com o time da Argentina caísse no meio do Oceano Atlântico.
16. Comeu mais do que devia e jurou começar regime ou academia na próxima segunda.
17. Mentiu a idade.
18. Desejou a morte de seus pais.
19. Desejou a morte de um parente rico.
20. Levou uma ou mais amigas para fazerem fofoca no banheiro da balada (para as mulheres).
21. Guardou um grande segredo.
22. Revelou um grande segredo.
23. Teve vergonha.
24. Atravessou a rua fora da faixa de pedestres.
25. Sacaneou um amigo ou amiga.
26. Mijou sem levantar a tampa.
27. Negou que tenha votado em um candidato corrupto.
28. Desejou o namorado ou a namorada de alguém.
29. Ficou excitado ou excitada vendo uma cena na TV.
30. Morreu de medo na montanha russa ou na roda gigante.
31. Tomou um porre e deu vexame.
32. Falou mal de alguém e este alguém ouviu ou ficou sabendo.
33. Odiou o grupo Menudo, mas conhece suas músicas.
34. Desejou transar com a Madonna (para os homens).
35. Peidou e fingiu que não foi você.
36. Roubou no jogo de baralho.
37. Mijou na piscina.
38. Atravessou o semáforo vermelho.
39. Bateu ou apanhou na rua.
40. Participou de bailinho em garagem ou quermesse da igreja.
41. Mentiu na internet.
42. Mentiu para a mãe.
43. Fez sexo sem camisinha.
44. Fingiu estar doente para não ir para a escola ou para o trabalho.
45. Respondeu “boa noite” para o Cid Moreira.
46. Assistiu ao Chaves.
47. Fingiu estar estudando enquanto dormia ou ouvia música.
48. Levou seu irmão ou irmã caçula numa festa de crianças na sexta só para seu pai emprestar o carro ou deixar você sair no sábado.
49. Culpou alguém por um erro seu.
50. Leu tudo isso aí em cima e diz que NENHUM DELES aconteceu com você

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